Manoel Batista da Silva Júnior
Engenheiro agrônomo, doutorando em Fitopatologia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Rafael Jorge Almeida Rodrigues
Engenheiro agrônomo, mestrando em fitotecnia ““ UFLA e membro do GHPD
Arthur Henrique Cruvinel Carneiro
Graduando em Agronomia – UFLA, membro do NECAF e GHPD
O patógeno (Phoma tarda) pode atacar as folhas, flores, frutos e ramos de plantas de café. As folhas ficam necrosadas, perdem área verde e têm reduzida fotossíntese.
As flores podem cair ou secar após a florada, e os chumbinhos podem ser mumificados, secar e cair. Em casos mais severos ocorre a seca de ponteiros, em que os ramos secam e ficam improdutivos. As condições favoráveis ao patógeno são altitudes acima de 800m, temperatura próxima de 20°C e molhamento foliar. Nestas condições a produtividade pode ser reduzida em 43%.
O principal e mais frequente sintoma da doença são as necroses nas folhas, que são circundadas ou não por um halo amarelado discreto. Estas lesões são escuras e fazem a folha ficar com aspecto “retorcido“, podendo a mesma,em seguida, se quebrar.
A lesão também pode se apresentar com anéis concêntricos, o que antes se acreditava ser outro patógeno do café o fungo Ascochyta, mas que na verdade se trata de Phoma tarda.
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Não confunda
Um ponto importante a ser abordado é que muitas vezes as lesões de Phoma em folhas são confundidas com as de mancha aureolada, doença causada por uma bactéria e que apresenta um grande halo amarelado com necrose encharcada e ausência de picnÃdios.
Isto pode afetar diretamente o controle, portanto, a diagnose deve ser realizada com precisão. Uma característica que pode auxiliar na diferenciação entre as doenças citadas é a queda de folhas após a necrose quando a doença é a mancha de Phoma.
Já quando se trata da mancha aureolada, as folhas necrosadas permanecem no ramo. Sintomas de deficiência ou toxidez de boro também podem ser confundidos com os sintomas da mancha de Phoma. Neste caso, deve-se realizar uma análise foliar para precisão no diagnóstico. Flores, frutos e ramos ficam escurecidos e secam.
Fosfito x Phoma
Os fosfitos são sais inorgânicos obtidos por reação do ácido fosforoso com uma base como K, Ca, Mn, Cu, Zn, daà os nomes fosfito de potássio, fosfito de cobre, etc. Estes produtos apresentam a capacidade de se mover tanto no xilema quanto no floema e podem atuar por toxidez direta ao patógeno, nutrição e ativação do sistema de defesa da planta.
Além disso, estes produtos apresentam duas outras importantes vantagens – a baixa toxidez a humanos e o baixo custo. Estes produtos são comercializados como fertilizantes foliares, e por isso apresentam preço competitivo em relação aos fungicidas.
Um litro de fosfito custa em média de R$ 20 a R$ 40, enquanto determinados fungicidas registrados para o controle chegam a custar R$ 150 por quilo ou litro. Entretanto, o fosfito não dispensa o químico. Ele funciona como uma ferramenta adicional e se mostra eficiente se aplicado de forma preventiva.
Diversos trabalhos de pesquisa em várias culturas têm mostrado a eficácia dos fosfitos no manejo de doenças de plantas, porém, na maioria dos casos o produto apresenta bons resultados quando associado aos fungicidas.
Para o cafeeiro, o grupo de estudos do Laboratório de Fisiologia do Parasitismo já verificou a eficácia dos fosfitos no controle da ferrugem, cercosporiose e mancha de Phoma, sendo que para este último o fosfito de manganês apresentou resultado significativo quando aplicado associado a um fertilizante foliar à base de macro e micronutrientes.
Quando aplicar
Para o manejo da mancha de Phoma do cafeeiro a aplicação do fosfito deve ser realizada pelo menos uma semana antes da pré-florada. Este é o tempo necessário para que o produto possa ativar a defesa da planta. Assim, o fungicida seria aplicado na pós-florada e protegeria os frutos formados, aumentando assim a quantidade de grãos finais, uma vez que apresenta um poder residual maior.
Entre os fungicidas pode-se usar os grupos químicos dos triazóis (tebuconazol, meticonazol), estrobirulinas (azoxistrobina), fungicidas cúpricos (hidróxido de cobre, oxicloreto de cobre), benzimidazol (tiofanato-metÃlico), fosfonatos (Fosetil-Al), dicarboxamidas (iprodiona) e anilidas (boscalida).
Em trabalho realizado pelo nosso grupo de estudo verificamos que uma formulação comercial de fosfito de manganês apresenta eficácia no manejo da mancha de Phoma.
Como aplicar
A aplicação pode ser realizada com qualquer tipo de pulverizador. Os mais utilizados são o pulverizador costal manual pressurizado, o atomizador costal motorizado e o pulverizador motorizado de tanque acoplado ao trator.
A dose do fosfito deve ser utilizada conforme recomendação do fabricante para não ocorrer fitotoxidez. Se o fabricante não especificar o volume de calda, deve-se utilizar 400 L.ha-1 e uma pressão em torno de 30 psi.Independente do equipamento de aplicação, deve-se calibrar a velocidade de aplicação para que o volume de calda seja exato.