José Braz Matiello
Saulo Roque Almeida
Engenheiros agrônomos da Fundação Procafé
Luiz CarlosFazuoli
Engenheiroagrônomo e pesquisador do IAC
Corre por aÃ, na internet, uma foto, ao que nos parece, tirada pelo nosso ilustre colega Mauricio B. da Silva, onde se pode ver uma raridade, frutos de café amarelos em alguns ramos, ao lado de outros com frutos vermelhos, no mesmo cafeeiro e, até mais raro, no mesmo fruto, parte da casca vermelha e parte amarela.
Diante das dúvidas surgidas, é indicado esclarecer o porquê desse fenômeno. A cor do fruto de café, quando maduro, é determinado por um gene chamado de xanthocarpa, que ora se expressa, dependendo da carga genética da planta (seu genótipo) que condiciona a cor vermelha (XcXc) ou amarela ( xcxc), sendo que as plantas heterozigotas (Xcxc) têm frutos que, a princÃpio, são amarelados, mas depois se tornam alaranjados com estrias vermelhas. Isto se refere à genética normal, vinda da semente, do embrião.
Mutações
Na natureza, porém, ocorrem mutações conhecidas por somáticas, ou seja, mudanças diretas no tecido vegetal, assim podendo atingir apenas uma parte da planta ou de seus frutos.
Essas mudanças, ou modificações genéticas no tecido, é que explicam a manifestação do efeito dos genes que conferem a cor amarela dos frutos apenas naquela parte mutante.
As mutações, assim, podem ser divididas entre mutação de linhagem germinativa, que pode ser passada aos descendentes, e mutações somáticas, que normalmente não são transmitidas aos descendentes.
Em alguns casos, mesmo as somáticas podem ser transmitidas, de forma assexuada ou sexuada (em casos em que as flores e frutos se desenvolvam numa parte que sofreu mutação somática).
Numa segunda foto, tirada pelo produtor Edmar Soares, a mutação ocorreu ao contrário. Dentro de uma planta da cultivar Catucaà 785-15, de frutos amarelos, apareceram ramos com frutos de coloração também vermelha e os alaranjados.