Os nematoides de maior importância na cultura do algodoeiro são Meloidogyne incognita, Rotylenchulusreniformise Pratylenchus brachyurus. No Sul do Mato Grosso a predominância é por Rotylenchulusreniformis, sendo que alguns produtores que produziam 300 arrobas por hectare,hoje algumas áreas não ultrapassam 200. “É uma perda muito grande em função dos nematoides, o que fez com que alguns produtores deixassem de plantar algodão por até dois anos porque o Rotylenchulusreniformis,por exemplo, que é de difícil manejo, sobrevive muito tempo na área e causa grandes danos. Se o produtor não conseguir produzir acima de 240 arrobas, ele não consegue pagar seu custo. Assim, ao invés de produzir algodão, ele faz soja/milho, ou deixa a área com braquiária e pecuária por dois anos a fim de conseguir controlar o nematoide“, diz Rosângela Silva, pesquisadora da área de Nematologia da Fundação MT.
Sintomas
É difícil detectar os sintomas do Rotylenchulusreniformis, um nematoide que não provoca galhas. O que se pode visualizar nas raízes são alguns pontos, indicando onde a fêmea está. “É um nematoide que a fêmea completa o ciclo no solo e penetra na raiz estando a fêmea adulta imatura“, avisa Rosângela Silva.
Segundo ela, apenas a parte anterior do nematoide penetra na raiz, deixando a posterior para fora. E onde fica a parte posterior, acumula gelatina com ovos e ali, se o produtor arrancar a planta, conseguirá ver vários pontinhos. Entretanto, depois de 80 dias essas folhas com o sintoma típico “˜carijó’ caem e já não se consegue visualizar nada com relação à deficiência em função do nematoide.Mas onde já houve o ataque, a planta fica menor e tem redução de produtividade.
Para nematoide de galha, com o próprio nome indica,os sintomas são mais visÃveis. Entretanto, o grande problema dessa espécie, no Mato Grosso, é que os produtores de algodão, quando pensam em rotação de culturas, vão direto ao milho, que na maioria são excelentes multiplicadores de nematoides,colaborando para o aumento populacional do nematoide e reduzindo ainda mais a produtividade do algodão.
Apetite voraz
O nematoidePratylenchus brachyurus está na maioria das áreas de algodão, e para essa cultura esses nematoides não causam muitos prejuízos. O problema é que ele se multiplica no algodoeiro e a cada ano a população remanescente para a sojaé maior, sendo que nesta cultura o nematoide causa grandes danos.
“A disseminação dos nematoides geralmente se dá com o transporte das máquinas agrícolas, que acabam levando os nematoides também. É raro os produtores limparem seus implementos, mas nessa safra já presenciei produtor de algodão fazendo isso para diminuir a incidência de nematoides, que traz grandes prejuízos“, relata Rosângela Silva.
O que fazer?
Para Rotylenchulusreniformis não há nenhuma cultivar de algodão resistente. O que existem são algumas cultivares tolerantes, mas isso depende da população existente. Se a área já tem uma alta população, será necessário deixar de plantar o algodão, como já aconteceu em São Paulo. Mesmo aplicandonematicidas, cujoefeitovaria em torno de30 dias, o nematoide consegue sobreviver muito mais do que isso,sem reduzir a população.
“É essencial, portanto, evitar a entrada de nematoides na área. Mas, se o problema for Meloidogyne incognita, uma entressafra apenas com plantas não multiplicadoras, como braquiária ou crotalária, por exemplo, já apresenta bom controle. Já os Rotylenchulusreniformis precisam de até dois anos de retirada do algodão da área para ter uma redução da população.Por isso a diagnose da espécie de nematoide presente na área é a principal ferramenta para fazer o manejo certo e ter um bom planejamento de plantas não multiplicadoras no sistema“, define a pesquisadora da Fundação MT.
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Soluções químicas
Os produtos químicos conseguem proteger as raízes por 30 dias, no máximo 40, diminuindo a penetração de nematoide, e segundo Rosângela Silva, a maioria é bem eficiente nesse sentido. “A aplicação pode se dar no tratamento de sementes ou sulco de plantio, que protege por um período curto, o que ajuda, principalmente aliado a outras medidas na entressafra“, pontua.
No Mato Grosso tem crescido muito o uso dos biológicos no tratamento de sementes e no sulco, tanto na soja como no algodão.São produtos que precisam de mais matéria orgânica e palhada para se desenvolver, mas segundo a pesquisadora, têm sido eficientes. “Observamos que as plantas estão mais enraizadas. A maioria deles são indutores de resistência, e a planta melhor enraizada consegue desenvolver mais e ter melhor desempenho diante dos nematoides. Alguns produtos biológicos ainda conseguem proteger as raízes por um período“, detalha Rosângela, se referindo aos bacilos, que conseguem formar uma camada de proteção em volta da raiz.
Monitore de perto
Vários produtores fazem o mapeamento de nematoides em suas propriedades, mas não usam isso no planejamento do manejo. Rosângela Silva alerta que a diagnose e o mapeamento dos nematoides é muito importante, definindo as espécies presentes em cada talhão para posicionar melhor as cultivares e analisar as culturas mais interessantes para a entressafra.