Thales Lenzi Costa Nascimento
Dalyse Toledo Castanheira
Membros do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia (GHPD/UFLA), e graduandos em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras ““ UFLA
Adenilson Henrique Gonçalves
Professor adjunto do Depto. de Agricultura da UFLA e colaborador do GHPD
A competição com plantas daninhas é muito intensa na cultura do café, uma vez que as raízes absorventes do cafeeiro crescem superficialmente no solo, local esse onde a maioria das raízes das plantas daninhas está presente.
 As plantas daninhas fazem com que o cafeeiro seja mais sensÃvel ao déficit hídrico e dificultam a prática da varrição, propiciando grande perda de grãos, além da queda no rendimento, a proliferação de pragas e a maior ocorrência de doenças.
A competição existente nas fases iniciais de crescimento da lavoura cafeeira não só atrasa o estabelecimento, mas também faz com que o tempo necessário para a cultura atingir o estádio reprodutivo seja mais tardio e a capacidade reprodutiva da planta reduzida.
No cafeeiro, assim como em outras culturas, o manejo das plantas daninhas é realizado durante todo o ciclo de vida da cultura. No entanto, o momento exato para o controle das plantas daninhas está relacionado ao período crÃtico de competição, o qual estabelece a época do ano em que a competição das plantas daninhas com o cafeeiro é mais delicada e sua ocorrência causará perdas significativas no desenvolvimento e na produção das plantas de café.
Ou seja, o período crÃtico de competição é aquele em que o cafeeiro deve ser mantido livre das plantas daninhas, e coincide com a estação das águas, época chuvosa que ocorre, geralmente, durante os meses de outubro a março.
Entretanto, o manejo das plantas daninhas no cafeeiro deve levar em consideração a idade das lavouras. Em lavouras jovens a competição das plantas daninhas com a cultura do café é maior, devido à maior área de solo livre que possibilita maior infestação e desenvolvimento das plantas invasoras. Nesse caso, o período crÃtico de competição se estabelece desde a implantação da lavoura até a fase de produção.
Métodos de controle
O manejo ideal de plantas daninhas, chamado de Manejo Integrado, é aquele onde há a integração de mais de um método de controle, que visa reduzir custos com controles desnecessários, como tratos culturais, reduzir a erosão, evitar o surgimento de plantas daninhas resistentes e proteger o meio ambiente.
Um método muito usado, atualmente, no cafeeiro, é a utilização de cobertura morta. Esse manejo utiliza a braquiária, por exemplo, nas entrelinhas da lavoura. Quando a braquiária apresenta boa altura ocorre seu corte e esse material é colocado debaixo da saia da planta de café.
O uso de culturas intercalares, como, por exemplo, o plantio de feijão, é um método que visa o aumento da renda e o maior aproveitamento da área disponível, justificando ser um dos métodos mais usados pelos pequenos produtores.
Há alguns aspectos importantes nesse método, como por exemplo: a cultura intercalar deve ter pequeno porte, ciclo curto, baixa exigência nutricional e baixa necessidade de água e luz. Esses cuidados são importantes para que não ocorra a competição entre as culturas.
Um método alternativo para o manejo de plantas daninhas é o uso do tapete “spin out“, produzido com papel reciclado na forma de tapete. Seu uso gera controvérsias, pois os produtores se queixam da dificuldade de realizar uma adequada adubação.
Por fim, há os dois métodos mais utilizados pelos cafeicultores, que são o mecânico, com o uso de enxadas e roçadoras, e o químico, com os herbicidas.
Um a um
O método químico nada mais é do que a pulverização direcionada do herbicida na planta-alvo, enquanto que o métodomecânico é o uso da capina e da roçada.
No método químico há herbicidas pré ou pós-emergentes. Os pré-emergentes são aplicados no solo quando as plantas daninhas ainda não emergiram e os pós-emergentes exercem ação sobre as plantas que já emergiram, por meio da absorção pelas folhas.
O controle mecânico se destaca como uma alternativa para o manejo de populações de plantas daninhas resistentes que, como o próprio nome diz, não podem ser controladas pela aplicação de determinado herbicida. Logo,a capina ou a roçada podem agir de forma preventiva à proliferação dessas plantas resistentes.
O controle mecânico deve ser realizado antes que ocorra a floração dessas plantas, evitando assim a dispersão de sementes e, consequentemente, o aumento da infestação.
Controle químico: principais cuidados
O controle químico é um método que apresenta excelentes resultados, desde que seja feito de forma correta. Um aspecto importante, em relação ao uso de herbicidas, é o fenômeno da deriva, desvio do produto aplicado à planta alvo, que causa sérios prejuízos ao cafeicultor.