Giovani BeluttiVoltolini
Isadora Bastos Santos
Ricardo Nascimento Lutfala Paulino
Graduandos em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), integrantes do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia (GHPD) e do Núcleo de Estudos em Cafeicultura (NECAF)
Nos sistemas agrícolas, dificilmente as plantas se encontram isoladas. Há sempre algum tipo de coexistência, seja ela benéfica, prejudicial ou neutra. O conceito de plantas daninhas refere-se à quelas plantas invasoras da cultura principal e que exercem efeito negativo sobre a mesma.
Na cultura do café, alguns efeitos positivos podem ser observados, como cobertura do solo entre as linhas de plantio, protegendo-o contra erosões e acúmulo de matéria orgânica, desde que realizado o manejo adequado do mato por roçadas e capinas.
Entretanto, deve-se ter atenção especial quanto aos efeitos negativos à cultura. A planta do café conta com raízes superficiais para absorção dos nutrientes, o que a torna ainda mais sensÃvel à competição com as plantas daninhas, que também competem por luz e água, podendo assim reduzir a quantidade destes elementos essenciais ao desenvolvimento da planta.
Interferência das daninhas
O período de maior interferência destas plantas varia entre as culturas – no café vai de outubro a abril, fase que compreende do florescimento à frutificação. Alguns fatores podem determinar a severidade das perdas do cafeeiro, como: quantidade de plantas por área, estabelecimento da cultura, período de convivência e condições ambientais.
Em lavouras recém-implantadas, por exemplo, a competição por nutrientes entre a muda de café e a planta daninha é grande. Altas infestações podem retardar o estande inicial dessas plantas e, consequentemente, prejudicar sua produtividade futura. Já em lavouras adultas as perdas causadas pelo não controle destas plantas chegam a 60%.
Daninhas mais prejudiciais
Alguns fatores interferem no aparecimento das plantas daninhas, como clima, tipo de solo, espaçamento, etc. Em áreas com solos mais corridos e em regiões mais frias há maior aparecimento de plantas daninhas de folhas largas. Em lavouras adensadas, passados os anos iniciais de cultivo, a quantidade de plantas daninhas se torna reduzida.
Dentre as daninhas mais encontradas no cafeeiro estão a buva (Conyzabonariensis), capim-amargoso (Digitaria insularis), corda de viola (Ipomoeasp.), tiririca (Cyperusrotundus), picão preto (Bidens pilosa), caruru (Amaranthusdeffexus), capim braquiária (Brachiariadecumbens), capim colchão (Digitaria sanguinalis), trapoeraba (Commelinabenghalensis), rubim (Leonurussibiricus), joá-de-capote (Nicandraphysaloides), guanxuma (Sida rhombifolia), erva botão (Richardia brasiliensis), capim carrapicho (Acanthospermumhispidim) e capim pé-de-galinha (Eleusina indica).
Alternativas de manejo
Visto a importância das plantas daninhas no cafeeiro, há, hoje, diversos métodos para a realização do controle, porém, os mais utilizados pelos cafeicultores atualmente são: preventivo, químico, físico e integrado.
Sabendo disso, o método preventivo consiste em retardar e reduzir a emergência e a disseminação das plantas daninhas na área, ou seja, é o método que antecede a germinação das plantas daninhas e não o controle de plantas que ali já existam.
Já o método químico consiste na utilização de produtos químicos (herbicidas) para controlar as plantas daninhas. Dessa forma, para obter sucesso neste método é necessário ter o conhecimento das espécies de plantas que serão controladas, tipo de solo, clima (vento, temperatura, umidade) e a partir disso escolher o produto ideal, de pré ou pós-emergência, para a aplicação. Entretanto, sabe-se que este método é o mais utilizado pelos cafeicultores pela viabilidade econômica, quando comparado aos demais.
Controle físico
O método de controle físico compreende a intervenção sobre as infestantes pela execução de ações de cunho instrumental, classificadas pela caracterização da forma de acionamento do recurso a ser empregado, podendo ser manual ou mecânico. Dentre os métodos físicos manuais, os mais empregados na cafeicultura são a capina e a roçada.
Acredita-se que, hoje, o método mais correto e sustentável a ser utilizado é o integrado, que consiste na utilização de dois ou mais métodos para o controle das plantas daninhas. Esse sistema permite utilizar as vantagens de cada método, conforme as condições locais, atributos de cada medida ou método e a disponibilidade de recursos específicos.
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