Elaine Maria Silva Guedes Lobato
Doutora e professora da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) ““ campus Paragominas
Elizeu Monteiro Pereira Junior
Graduando em Agronomia – UFRA
A matéria orgânica do fertilizante organomineral atua como condicionador imediato dos fertilizantes químicos que entram em sua composição. Assim, observa-se nesses adubos a capacidade de atuarem como quelantes.
Denomina-se de poder quelante a propriedade que o húmus possui de reter elementos metálicos, principalmente os micronutrientes ferro, cobre, zinco e manganês, sequestrando-os sem combinar fortemente com eles. Dessa forma, esses nutrientes não são carregados pela água da chuva, ficando disponíveis às raízes.
Benefícios da MO
A matéria orgânica presente nos fertilizantes organominerais pode exercer papel de condicionador do solo a longo prazo, ao influenciar as propriedades físicas e químicas do mesmo por meio da retenção de água, formação de agregados, aumento da CTC e de estoques de carbono.
Ademais, o aumento dos níveis de nutrientes em virtude da presença de maior quantidade de ânions orgânicos nos grânulos desses fertilizantes faz competirem, por exemplo, pelos sÃtios de adsorção de P, em que ocorre uma redução momentânea da fixação desse nutriente, favorecendo a absorção pelas plantas.
No fertilizante organomineral, os nutrientes solúveis estão envoltos por uma matriz orgânica que protege o fósforo do contato direto com o solo, evitando a perda por fixação pelos óxidos de ferro e alumÃnio.
Do mesmo modo, a camada de matéria orgânica dificulta a lixiviação do nitrogênio e do potássio, já que a fase orgânica é insolúvel em água e ao entrar em contato com o solo, sob efeito da biodegradação, a liberação desses nutrientes ocorre de forma contÃnua, mantendo a planta nutrida constantemente durante todo o período de crescimento.
Como tirar o melhor proveito deles
O fertilizante organomineral pode ser aplicado nas seguintes épocas: na ocasião do plantio, isto é, junto com a semente ou com a muda; quando se inicia o crescimento mais intenso da planta, distribuindo-se o fertilizante na superfície da terra ao longo da linha de cultura ou em volta da muda e incorporando-se ao solo com uma leve escarificação, sempre que possível.
Nas plantas adultas, geralmente em culturas perenes, adubando-se na época das chuvas ou quando se fazem as capinas ou outros tratos culturais, distribuindo-se o fertilizante organomineral em sulcos abertos ao lado da linha de cultura ou espalhando-o por toda a superfície plantada e incorporando-o à terra, sempre que possível.
Como regra geral, aplica-se o fertilizante organomineral da mesma maneira empregada para os fertilizantes químicos. Assim, se a recomendação for para se distribuir o fertilizante mineral no fundo e ao longo do sulco de plantio, o mesmo se fará com organomineral.
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Produtividade
Acredita-se que com a utilização de subprodutos ou resíduos orgânicos combinados à adubação mineral, gerando os fertilizantes organominerais, apresenta um ótimo potencial de uso agrícola, como adubos de fontes alternativas em culturas anuais e perenes, como por exemplo: cultivos comerciais de grande valor agregado, como as commodities milho, soja, feijão, trigo, algodão e cultivos perenes de grande relevância, como pastagens.
Em termos de produtividade, pode-se esperar aumento a longo prazo para culturas perenes, pois para as culturas anuais ainda existem divergências de respostas positivas e negativas, porém, os fatores edafoclimáticos devem ser considerados.
Os benefícios na produção estão na menor dependência do fertilizante químico, além de contribuir para a construção da fertilidade dos solos.
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Em campo
Experimento utilizando doses e fontes de adubação (mineral e organomineral) na semeadura da cultura do feijoeiro concluiu que a eficiência na utilização dofertilizante organomineral foi maior que a do fertilizante mineral na maioria das doses avaliadas (Moreschiet al., 2013).
Em outro trabalho, envolvendo a cultura da soja, verificou-se que a produtividade dos tratamentos que receberam fertilizantes organominerais (03-15-15) foi superior à do tratamento mineral (4-20-20) nas doses de 80 e 100% de NPK, ressaltando uma equivalência de produtividade entre 200 kg ha-1 de organomineral 03-15-15 com 400 kg ha-1 de mineral 04-20-20, ou seja, 38% da quantidade de nutrientes via organomineral traria o mesmo incremento em produtividade se utilizado 100% do adubo mineral (Duarte et al., 2013).
Já para a cultura da batata, cv. Ágata e cv. Atlantic, em experimentos submetidos a diferentes doses de fertilizante organomineral comparados com o fertilizante mineral, não foram encontradas diferenças significativas quanto à utilização de 40% da quantidade de nutrientes fornecidos pela fertilização via organomineral e 100% da produção obtida com o fertilizante mineral (Cardoso et al., 2013a).