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Os ácidos húmicos e o enraizamento das plantas

 

Nilva Terezinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (UniPinhal)

nilvatteixeira@yahoo.com.br

 

 CréditoShutterstock
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As substâncias húmicas podem ser divididas em ácidos fúlvicos, ácidos húmicos e huminas. São substâncias amorfas, coloidais, de coloração variando do amarelo ao marrom escuro e com alto peso molecular. Embora possam ter alguns açúcares e proteínas em sua estrutura, estas substâncias são bastante estáveis e resistentes ao ataque dos microrganismos do solo.

As distinções entre estas substâncias baseiam-se na solubilidade em ácidos e bases. Os ácidos fúlvicos são solúveis em ácidos, bases e água e possuem baixo peso molecular quando comparados com os ácidos húmicos e huminas.

Já os ácidos húmicos são solúveis apenas em bases e possuem os mais altos valores de peso molecular do grupo das substâncias humificadas. As huminas são as substâncias humificadas não são solúveis em água, ácidos ou bases. A matéria humificada se comporta como coloides orgânicos no solo, e são importante fonte de cargas elétricas.

A dissociação do H do grupo carboxílico inicia-se em pH 3,0, o que significa que se o solo se encontra com valores de pH acima de 3,0 estes grupos contribuem com cargas elétricas negativas, influindo na capacidade de troca catiônica (CTC).

Características

Respostas à aplicação de ácidos húmicos dependem das doses aplicadas - Crédito Shutterstock
Respostas à aplicação de ácidos húmicos dependem das doses aplicadas – Crédito Shutterstock

As substâncias húmicas do solo possuem tamanho que permite incluí-las na faixa dos coloides, ou seja, maior que 250 μm, exibindo características próprias, destacando-se sua elevada superfície, a qual lhe confere alta reatividade.

Esta característica faz com que a fração orgânica do solo, mesmo em baixos conteúdos, seja responsável por elevada porcentagem da capacidade de troca catiônica (CTC) e capacidade de troca aniônica (CTA) do mesmo.

As substâncias húmicas são um componente essencial nos solos. Apesar de geralmente estarem em quantidades muito menores que os coloides minerais (minerais de argila ou argilominerais) do solo, sua grande reatividade lhe confere destaque em processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem no solo.

Pesquisas têm demonstrado que um dos grandes feitos dos ácidos húmicos para os cultivos é a disponibilização do fósforo adsorvido na fração argila, ou complexado com íons, como cálcio, formando o precipitado fosfato cálcico, indisponível para a maioria dos vegetais.

Há duas razões para isto: os ácidos húmicos complexam (sequestram) o cálcio solúvel e protegem os fosfatos da interação cálcio-fosfato e, pela ação dos grupos funcionais amina, na adsorção do ânion fosfato, deixa-o disponível para absorção pelas plantas.

Os ácidos húmicos melhoram o desenvolvimento inicial da cana - Crédito Shutterstock
Os ácidos húmicos melhoram o desenvolvimento inicial da cana – Crédito Shutterstock

Vantagens para as plantas

Os ácidos húmicos melhoram e estimulam a flora microbiana em volta do sistema radicular, facilitam a liberação dos nutrientes, aumentam a retenção de água, a aeração, a retenção de nutrientes, o estado do agregado do solo e, principalmente, a formação de quelatos naturais, influenciando diretamente a nutrição da planta.

Os quelatos são moléculas orgânicas que podem sequestrar e depois liberar certos íons de metal, incluindo o cálcio, magnésio, ferro, cobalto, cobre, zinco e manganês. Estes elementos são absorvidos mais facilmente pelas raízes e pelas folhas das plantas em forma de quelato.

Os ácidos orgânicos, que derivam do processo de decomposição, são agentes quelantes naturais. Assim, os ácidos húmicos e fúlvicos são moléculas complexantes ou quelantes naturais de grande alcance.

Há indicações de que a interação das substâncias húmicas, como as micelas da fração mineral do solo, promova a liberação de bases como cálcio, potássio e magnésio, que ficam adsorvidos nos sítios de troca e, por consequência, passíveis de serem adsorvidas pelas plantas superiores.

Os ácidos húmicos formam compostos com cátions metálicos, o que resulta no aumento de absorção destes, porém, em grandes concentrações podem resultar em sua imobilização e a absorção pelas plantas pode ser reduzida.

No mesmo processo de formação de compostos de cátions metálicos, as frações de baixo peso molecular são levadas para o interior das plantas.Ainda, as substâncias húmicas podem aumentar a permeabilidade da membrana celular, facilitando, desta maneira, a absorção de nutrientes e o crescimento das plantas.

 

Influência no enraizamento

Tais ácidos apresentam grupamentos auxínicos em sua estrutura que ativam as bombas de H+-ATPase da membrana plasmática. Esse fato promove a acidificação do espaço livre entre as células (apoplasto) e o consequente aumento da plasticidade da parede celular, resultando no incremento da área e comprimento radicular.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de junho 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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