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Pesquisadores registram a cochonilha-vermelha do cafeeiro em Minas Gerais

 

Ernesto Prado

Pesquisador da EPAMIG Sul de Minas/EcoCentro, Bolsista Consórcio Café

epradoster@gmail.com

Lenira V.C. Santa-Cecília

Paulo Rebelles Reis

Pesquisadores da EPAMIG Sul de Minas/EcoCentro

Eduardo Mosca

Consultor em cafeicultura

 

Créditos Eduardo Mosca
Créditos Eduardo Mosca

Durante a primavera de 2014, no município de João Pinheiro (MG), foram observadas colônias de uma cochonilha pouco habitual no cafeeiro e diferente daquelas comumente encontradas. As brotações, botões florais e frutos no estágio de chumbinho apresentavam massas cotonosas de cor branca e uma teia sobre elas.

Uma análise mais detalhada mostrou a presença de uma cochonilha de coloração vermelha com numerosos ovos e grande quantidade de teia. O estudo em laboratório permitiu determinar que se tratava da cochonilha-vermelha-do-cafeeiro, Nipaecoccuscoffeae (Hempel) (Hemiptera: Pseudococcidae), descrita no ano de 1919 em coletas realizadas no Estado de São Paulo.

Desde essa data não se tinha registros de sua ocorrência em cafeeiros, certamente pela baixa frequência de seus ataques e por não constituir um problema fitossanitário relevante para a cafeicultura.

Como se trata de um inseto de baixa mobilidade, o ataque se restringiu a reboleiras e plantas isoladas, não se expandindo para o resto da lavoura. Assim, considera-se um inseto de ocorrência esporádica em cafeeiros, sem importância econômica até o momento, mas que deverá ser monitorado periodicamente.

Brotação com presença de teia produzida pela cochonilha - Créditos Eduardo Mosca
Brotação com presença de teia produzida pela cochonilha – Créditos Eduardo Mosca

De onde veio

A cochonilha foi descrita no Brasil e acredita-se que seja nativa e que tenha alguma planta silvestre como hospedeiro natural. Assim, esse inseto tem a capacidade de se adaptar ao cafeeiro mostrando uma polifagia, comum em insetos dessa família Pseudococcidae.

Embora a cochonilha se encontre restrita a plantas isoladas, os brotos atacados dessas plantas apresentam deformações e ocasionam a queda das flores e chumbinhos.

Como reconhecer a cochonilha?

Esses insetos são encontrados em colônias constituídas por espécimes em vários estágios do desenvolvimento e se alimentam de seiva. As fêmeas adultas têm corpo ovalado, coloração vermelha, e medem cerca de 4 mm de comprimento.

Os ovos são de cor vermelha e se encontram protegidos por abundante teia produzida pela própria cochonilha. As ninfas recém-eclodidas também se encontram presentes junto à teia e são de coloração vermelha. A biologia e condições nas quais se desenvolvem é ainda desconhecida.

Essa cochonilha é de ocorrência imprevisível em lavouras cafeeiras. Acredita-se que as condições climáticas aliadas aos poucos fatores de mortalidade podem contribuir para o incremento desses insetos.

Sua presença é conhecida atualmente no Estado de São Paulo e noroeste do Estado de Minas Gerais, porém, sua distribuição poderá abranger outras regiões produtoras de café com a realização de novos levantamentos.

Como identificar o ataque

O manejo indicado inclui o monitoramento das cochonilhas em geral, especialmente as cochonilhas-farinhentas ou brancas, examinando as plantas principalmente no interior da folhagem, nas brotações, flores, chumbinhos, outros estágios dos frutos, raízes e colo das plantas. Nesses locais elas se juntam formando colônias.

A presença de formigas doceiras, bem como de lanosidades, são indicativos da infestação de cochonilhas.

É importante marcar as plantas atacadas para facilitar o controle. Caso seja necessário o uso de produtos químicos, aplicar somente nas reboleiras infestadas com as cochonilhas.

No material que estava infestado pela cochonilha-vermelha foi detectada a presença de uma mosca pertencente à família Syrphidae e que é um inimigo natural dessa cochonilha. Assim, esse agente de controle, bem como as joaninhas, deve ser preservado nas lavouras.

Ressalta-se que, embora a coloração da cochonilha e a produção de teia sejam características bem definidas, para a correta identificação é necessária a preparação microscópica do inseto e estudo em microscópio óptico biológico. Caso necessário, as amostras podem ser enviadas para a EPAMIG Sul de Minas.

Outras cochonilhas-farinhentas podem ocorrer no cafeeiro, tanto na parte aérea como nas raízes, porém, essas são de coloração branca e de menor tamanho. Todas as cochonilhas devem ser incluídas no monitoramento visando estabelecer sua incidência na lavoura.

Em geral, as cochonilhas em cafeeiro são consideradas pragas secundárias, porém, eventualmente podem ser responsáveis pela queda de flores e chumbinhos e definhamento das plantas.

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