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Plantas mais resistentes com a aplicação de algas

Nilva Teresinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL)

nilvatteixeira@yahoo.com.br

 Crédito Luize Hess
Crédito Luize Hess

Entre as algas marinhas, se destacam as macroalgas, que incluem algas verdes, marrons ou pardas, e algas vermelhas, de acordo com os pigmentos que possuem. As algas marrons são as mais utilizadas na agricultura, principalmente Ascophyllumnodosum. A literatura deixa evidente que a inclusão de produtos contendo algas nos cultivos induz a resistência a pragas e doenças, reduzindo a severidade dos sintomas.

As plantas possuem mecanismos próprios de defesa em resposta ao ataque de patógenos, incluindo metabólitos primários e secundários. A ativação dos mecanismos de defesa dos vegetais é uma resposta ao reconhecimento da presença, nos mesmos, dos agentes patogênicos, identificados por compostos liberados pelo organismo invasor.

Tais compostos, produtos do metabolismo do patógeno, são chamados de elicitores bióticos e desencadeiam modificações no metabolismo celular vegetal (a elicitação), formando assim uma rede de mecanismos de defesa da planta ao ataque do patógeno.

Como exemplo, pode-se mencionar o aumento da síntese de compostos denominados de fitoalexinas. Tal rede tenta barrar a penetração do invasor e sua multiplicação. A maioria dos compostos de macroalgas marinhas que apresentam atividades biológicas pertence à classe de lectinas, terpenos, compostos fenólicos e polissacarídeos sulfatados, que funcionam como elicitores.

Os elicitores

O que são elicitores? São moléculas de origem biótica ou abiótica capazes de estimular qualquer resposta de defesa nas plantas. Extratos de algas têm mostrado certa eficiência na ativação da resistência de plantas a patógenos.

Além da atividade direta contra microrganismos, alguns estudos confirmam a indução de resistência das plantas a doenças devido à aplicação de extratos de algas marinhas. A resistência induzida envolve a ativação do sistema de autodefesa da planta, dos mecanismos latentes de resistência, que pode ser obtida pelo tratamento com agentes elicitores bióticos, como microrganismos viáveis inativados ou por agentes elicitores abióticos.

Tipos de algas

A espécie de alga marrom Ascophyllumnodosum é mais empregada na agricultura, e também a mais estudada. Assim, estudos com extratos de tal alga evidenciaram estímulos à atividade de enzimas peroxidases (que eliminam superóxidos que atacam as membranas celulares protegendo, assim, a integridade das células) e a síntese da fitoalexinacapsidiol, aumentando a resistência das plantas.

A aplicação de extrato de A. nodosum diminuiu o número de formas juvenis de segundo estágio e de ovos de Meloidogyne javanica e M. incognita. Entretanto, outras espécies de algas têm possibilidade de aumentar a resistência das plantas aos agentes bióticos.

Quanto aos produtos à base da alga parda Eckloniamáxima, estes têm se mostrado como alternativa de controle do fungo Verticilliumdahliae. Extrato da alga Cystoseiratamariscifolia apresenta atividade de controle contra os fungos Fusariumoxysporum e Verticilliumalbo-atrum, e contra a fitobactériaAgrobacteriumtumefaciens.

Extratos obtidos da espécie Laurencia obtusa inibemin vitro diversos fungos fitopatogênicos, entre eles Ustilagoviolaceae F. oxysporum.

Da alga marromLaminaria digitata se extrai o polissacarídeo laminarina, que é capaz de elicitar respostas de defesa das plantas por ele tratadas. Então, pode ser uma alternativa o uso, como medida auxiliar, de extratos de algas marinhas para controlar doenças das espécies vegetais.

Extratos alcóolicos das algas Amphiroasp. ePoryphyra sp. inibem o desenvolvimento dos fungos fitopatogênicosAspergillusjaponicus e Aspergillusniger, respectivamente. O extrato bruto metanólico da macroalga verde Ulva fasciata, também conhecida como alface do mar, diminui o crescimento micelial de Colletotrichumlindemuthianum, agente causador da antracnose em feijão.

Ainda em relação à atividade antimicrobiana, as algas marinhas são fonte importante de antibióticos com ampla e eficiente atividade antibacteriana.

As algas tornam as plantas mais resistentes às doenças - Crédito Ana Maria Diniz
As algas tornam as plantas mais resistentes às doenças – Crédito Ana Maria Diniz

Mais benefícios

Além de aumentar a resistência das plantas às pragas e doenças, as algas, como contêm expressivas concentrações de hormônios naturais, de aminoácidos e de alginato, melhoram o comportamento das plantas quanto ao estresse hídrico.

O alginato tem a capacidade de reter água no solo e de cedê-la às plantas, enquanto os hormônios naturais e os aminoácidos melhoram o enraizamento. Raízes mais abundantes exploram melhor o solo e permitem melhor aproveitamento da água e dos nutrientes.

Recomendações

Podem-se aplicar os formulados contendo algas via drench, via foliar ou via sementes,no sulco de plantio ou em cobertura. Considerando-se a resistência das plantas, o uso dos formulados contendo algas marinhas deve ser preventivo. Quanto às doses a serem empregadas, dependerá do produto escolhido pelo produtor.

Essa matéria você encontra na edição de dezembro 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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