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segunda-feira, maio 20, 2024
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Produtores em alerta: Percevejo-marrom da soja

Autores

Diego Tolentino de Lima
Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia
diegotolentino10@hotmail.com
Diarly Sebastião dos Reis
Engenheiro agrônomo e mestre em Agronomia
diarly.reis@gmail.com
Foto: Jovenil da Silva

A cultura da soja (Glycine max), atualmente, é produzida em todas as regiões brasileiras. O País é o segundo maior produtor e primeiro exportador mundial desta cultura, com área cultivada de 35,8 milhões de hectares, correspondente a aproximadamente 59,4% da área ocupada com plantio de grãos, e uma produção de aproximadamente 114,8 milhões de toneladas da oleaginosa.

Dentre os insetos-praga que atacam esta cultura, os percevejos fitófagos (Hemiptera: Pentatomidae) destacam-se como o principal grupo. Nesse, Euschistus heros, popularmente chamado de percevejo-marrom, é atualmente a praga da cultura.

O percevejo-marrom pode passar a entressafra se alimentando de plantas daninhas como buva, capim-amargoso, leiteiro, carrapicho-de-carneiro, girassol, guandu, dentre outras. Além disso, também utiliza as matas como abrigo, encontrando hospedeiros alternativos para se alimentar neste período.

Também pode atravessar o período desfavorável ao seu desenvolvimento e reprodução, entre maio a novembro, sem se alimentar abrigado sob as folhas mortas caídas no solo e restos de cultura. Isso é possível, pois este inseto pode entrar em oligopausa, ou seja, período de dormência em resposta a mudanças climáticas cíclicas e duradouras, ocorrendo redução ou paralisação de crescimento e/ou reprodução, apesar de alimentação periódica poder ocorrer.

Desta forma, o percevejo-marrom sobrevive na entressafra e migra para a soja rapidamente na safra subsequente, causando injúrias na cultura desde o início da formação das vagens (R3) até o final da maturação fisiológica (R7).

Em campos de sementes, consideram-se prejuízos na qualidade das sementes até o estádio R8. O aparecimento das vagens é o momento em que se inicia a reprodução da praga em campo, com surgimento dos ovos e ninfas. O pico populacional é alcançado no final do desenvolvimento das vagens e início de enchimento dos grãos.

Ações de manejo realizadas no momento da migração dos primeiros adultos para a lavoura são de total importância, visto que o controle destes adultos reduz a quantidade de ovos na área e, consequentemente, reduz a segunda geração, causando a quebra do ciclo da praga. Assim, aumenta-se o tempo para a população atingir o nível de controle, minimizando os possíveis danos.

Prejuízos

Adultos e ninfas a partir do terceiro instar são os principais responsáveis pelas injúrias. Com seu aparelho bucal em forma de estilete, que é inserido nas vagens, atingindo diretamente os grãos, são responsáveis por sérios prejuízos ao rendimento e qualidade de grãos e sementes.

Com o ataque do percevejo-marrom à soja, ocorre má formação do grão e das vagens. Os grãos podem reduzir seu tamanho, ficar enrugados, chochos e mais escuros. Além disso, as folhas podem não senescer e ficarem retidas na planta por ocasião da colheita.

Devido ao tipo de alimentação, as injúrias são ocultas, diferente de pragas como as lagartas, em que os produtores vêm diretamente a ação de desfolha e se preocupam. Os percevejos ‘sugam a produção’ sem que o produtor veja. De R3 até R5, final de enchimento de grãos, as perdas na soja provocadas pelo percevejo-marrom são quantitativas. Nesta fase ocorre a queda de vagens, chochamento e redução no peso dos grãos. A partir de R6, após o enchimento de grãos, as perdas são na qualidade de grãos e sementes.

Grãos ardidos também são provocados com a alimentação dos percevejos. Os grãos ardidos interferem na qualidade dos grãos de soja, causando prejuízos para a indústria de processamento, por exemplo, aumentando a acidez do óleo.

Ao se alimentarem das sementes, os insetos injetam saliva contendo enzimas que alteram a fisiologia e a bioquímica dos tecidos picados. No intuito de digerir e sugar o conteúdo liquefeito por essas enzimas, a difusão da saliva pode causar morte celular dos tecidos vegetais.

Como monitorar o percevejo-marrom

O método de controle mais utilizado para este inseto é o químico e o monitoramento da população de percevejos é determinante para que o produtor efetue as aplicações com o intuito de que a população não atinja o nível de dano econômico. É recomendada amostragem semanal, desde os estádios vegetativos até o reprodutivo R7.

Quanto maior o número de amostragens realizadas na área, maior a segurança de uma previsão correta da infestação de insetos na lavoura. O número mínimo de amostragens, segundo a Embrapa, é de seis pontos em talhões de até 10 hectares, oito pontos em talhões de até 30 hectares e 10 pontos para talhões de até 100 hectares, sendo que em talhões maiores recomenda-se a divisão por talhões de 100 hectares.

O método utilizado é o “pano de batida”, contabilizando-se o número de percevejos adultos e as ninfas a partir do terceiro instar (tamanho médio de 3,63 mm). O “nível de controle” até então preconizado na literatura é a média de 2,0 percevejos/ninfas por metro para produção de grãos e 1,0 para sementes. Porém, vale ressaltar que a realidade atual de muitas lavouras, em diversas regiões do País, tem demonstrado a necessidade de redução do “nível de controle” para 1,0 na produção de grãos e 0,5 para produção de sementes.

Manejo certo

É importante ressaltar que o sucesso no manejo de percevejos depende de vários fatores, entre eles a eficiência de controle dos inseticidas. Porém, essa eficiência é dependente de uma tecnologia de aplicação adequada, a qual deve proporcionar boa cobertura (não utilizar volume de calda reduzido) e penetração no dossel da cultura (utilizar pontas adequadas e horário correto de aplicação), pois o percevejo-marrom se concentra na parte média da planta e os inseticidas sistêmicos não são “translocados” para baixo.

É de grande importância monitorar e manejar o percevejo-marrom desde o estádio vegetativo da soja, com aplicações de inseticidas no fechamento da entrelinha ou até antes disto, desde que atinja o nível de controle preconizado. Isto porque a eficiência de controle dos inseticidas é a densidade-dependente, ou seja, quanto maior a população, menor a eficiência de controle.

Apesar de no estádio vegetativo o percevejo não trazer prejuízos, a população pode aumentar a ponto de não conseguirmos mais fazer um controle eficiente quando a soja estiver suscetível ao prejuízo, a partir de R3.

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