Autora
Raíra Andrade Pelvine
Engenheira agrônoma e mestranda em Agronomia/Horticultura – Unesp/FCA-Botucatu
raira_andeplvine@hotmail.com
Na parede celular das algas são encontrados polissacarídeos complexos, os quais podem apresentar diferentes formas de atividade biológica, como aumentar as respostas de defesa das plantas. Portanto, por meio da aplicação de adubos complexados com algas é possível observar um fenômeno denominado efeito fisioativador, responsável por proporcionar às plantas estímulos de crescimento vegetativo e defesa contra patógenos.
Os adubos complexados com algas são fertilizantes que possuem um ou mais nutrientes e neles são adicionadas as algas, como por exemplo os extratos de alga. É realizado com foco na melhoria da qualidade da planta, muitas vezes utilizado em adubação foliar.
O extrato de algas, dependendo da espécie que se utilizou, possui hormônios, proteínas e entre outros compostos que podem melhorar o a qualidade do vegetal por meio de alterações fisiológicas, bioquímicas e da expressão de genes nas plantas.
Algumas algas possuem na própria composição nutrientes, aminoácidos, vitaminas e compostos que estimulam a produção endógena de hormônios vegetais, como citocininas, auxinas e ácido abscísico (ABA), por exemplo, que atuam como promotores do desenvolvimento vegetal.
Culturas beneficiadas
Dentre as culturas mais beneficiadas por esses produtos, destacam-se o feijão, soja, milho, trigo, hortaliças como cebola, tomate, pimentão, batata, alface, e frutas como maçã, banana, citros e uva.
Estes adubos complexados, por estimularem muitas vezes a produção de compostos bioquímicos, acabam incitando o aumento na produção de compostos que a planta possui para a sua defesa. Um exemplo é a produção de um aminoácido chamado prolina, que está entre os mais estudados. Trata-se de um aminoácido que atua como “autodefesa” da planta, devido ao estresse hídrico. Este é um dos mecanismos que a planta possui para se manter “saudável” sobre condições variadas.
Manejo acertado
A época de aplicação e a forma de aplicar variam de acordo com a cultura e o produto utilizado. Deve-se sempre seguir a recomendação da bula do produto e do engenheiro agrônomo.
Ocorrem variações conforme o produto, cultura e fatores ambientais, que também podem interferir na eficiência. Por isso, deve-se conhecer bem a região e a cultura que se trabalha naquela condição do produtor.
Assim, deve-se, inicialmente, definir o que o produtor está almejando, e a partir daí, dá-se início à escolha de produtos e ao manejo mais adequado.
Resultados de campo
Seguindo as recomendações de forma correta, o produtor terá então uma planta mais saudável, com menos estresse em caso de condições adversas, além de mais qualidade na produção.
Como resultado, o uso destes produtos aumenta a defesa das plantas a ataques de insetos e pragas e as mantém menos vulneráveis aos estresses abióticos, que se tornaram mais comuns nos dias atuais.
O produtor nota, a partir da aplicação, plantas mais vigorosas, grãos mais pesados e plantas menos vulneráveis às condições adversas do ambiente. Há muitos relatos em soja de que houve aumento em torno de até 50%, e em feijoeiro chegando a 30%.
Erros mais frequentes
O uso, em momentos inadequados, na dosagem errada, fase e horário de aplicação do produto muitas vezes acabam trazendo baixa eficiência do produto.
Portanto, deve-se seguir corretamente as recomendações da bula e do engenheiro agrônomo.
Investimento x retorno
Os resultados são baseados em dados experimentais, que mostram alguns efeitos benéficos em termos de rendimento das plantas e da melhor absorção dos nutrientes disponíveis, sugerindo que seja possível reduzir a aplicação de outros fertilizantes. Entretanto, é necessário a realização de um balanceamento para o produtor entender se é vantajoso economicamente o custo da aplicação do produto.
Por fim, vale lembrar que este é um assunto que está em alta atualmente – muitos estão aderindo, porém, ainda carece de muitos estudos e informações nas mais diversas culturas de valor econômico.