Carla Verônica Corrêa
Doutoranda em Ciências Agronômicas pela UNESP – Botucatu
Luís Paulo Benetti Mantoan
Doutorando em Ciências Biológicas pela UNESP ““ Botucatu
O silício é considerado um elemento benéfico, cujas respostas à sua aplicação são potencializadas em culturas submetidas a alguma forma de estresse. Esse fator torna o silício um elemento de extrema importância para a agricultura, uma vez que as culturas são submetidas às condições estressantes diariamente, seja por alterações de temperaturas, excesso ou falta de água, ataque de pragas e patógenos, desequilíbrio nutricional, condições físicas, químicas e biológicas do solo, aplicação de defensivos e tantas outras formas de estresse.
Diversas pesquisas associam o silício ao aumento no teor de clorofila e manutenção fotossintética, redução na transpiração, aumento na absorção de nutrientes, resistência a insetos, nematoides, fungos e bactérias. Ainda observa-se melhora da arquitetura das plantas, deixando-as mais eretas, o que permite melhor exposição das folhas aos raios solares e, assim, favorece a fotossíntese e a formação de microclima menos favorável (maior aeração) ao desenvolvimento de doenças e maior resistência ao acamamento.
No solo, o silício forma complexos com o alumÃnio, reduzindo sua toxidade, além da redução do efeito tóxico de B, Mn, Fe e metais pesados. Além disso, o silício desloca o fósforo reduzindo a adsorção desse elemento e aumentando sua disponibilidade para a cultura.
O caso da soja
A soja é considerada uma planta não acumuladora de silício, e assim os efeitos observados na cultura são mais visÃveis quando a aplicação é realizada via foliar. Essa forma de aplicação é a mais eficiente para aumentar o teor foliar de silício em plantas eudicotiledôneas, proporcionando assim benefícios como proteção contra penetração de hifas de fungos.
No entanto, a aplicação via solo permite maior disponibilidade de fósforo e redução da toxidade por alumÃnio e, desta forma, a associação da aplicação via solo e foliar intensificam os benefícios proporcionados pelo silício.
A figura 1 representa os principais efeitos do silício que beneficiam as culturas.
Fonte: Guntzeret al., 2012.
Ganho produtivo
No caso da soja, as pesquisas demonstram que a aplicação de silício pode elevar a produtividade em sacas por hectare. O elemento pode influenciar o metabolismo de compostos fenólicos, o que possivelmente traduz o seu envolvimento na síntese ou em processos bioquímicos de isoflavonoides relacionados à expressão dos genes que induzem à formação dos nódulos, aumentando a nodulação, e consequentemente, o crescimento e a produção da soja.
Algumas pesquisas demonstram aumento de até 19,5% na produção de grãos, incremento nos teores foliares de fósforo, potássio, cálcio e enxofre, além do aumento de nodulação com a aplicação de fontes de silício. Além disso, a aplicação de silício via solo aumenta a produtividade da cultura, inclusive influenciando a qualidade fisiológica das sementes, como o peso, podendo incrementar a produtividade.
Em leguminosas, como o feijão e a soja, o silício pode aumentar a biomassa total, o comprimento e a massa de raiz, quando esse elemento é fornecido juntamente às raízes.
Assim, em plantas que possuem o potencial para formação de nódulos, esse aumento no comprimento e na massa de raiz com a adição de silício contribui para o aumento de regiões com potencial para a infecção rizobial, e consequentemente, para o aumento na nodulação e a fixação de N2.
Manejo
No caso da soja, as aplicações variam conforme o produto a ser utilizado, podendo ser parceladas a cada 20 dias do pré-florescimento até o enchimento das vagens e antes da aplicação de herbicidas pós-emergentes, ou em quatro aplicações realizadas nos estádios V4 (três folhas completas expandidas), R1 (início do florescimento), R3 (início da frutificação) e R5 (início da formação das sementes).