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Silício induz resistência a pragas e doenças na cultura do feijoeiro

Guilherme Felisberto

Doutorando em Agronomia ““ Unesp – Departamento de Solos e Adubos

Patrícia Aparecida de Carvalho Felisberto

Doutoranda em Agronomia ““ Unesp – Departamento de Fitossanidade

Leandro José Grava de Godoy

Doutor e professor assistente de Engenharia Agronômica da Unesp ““ Campus Experimental de Registro

legodoy@registro.unesp.br

 

Créditos-Nilton-Jaime
Créditos-Nilton-Jaime

Embora muito abundante na crosta terrestre, o silício (Si) não é considerado um nutriente de plantas. Com baixa disponibilidade na solução do solo, quando aplicado o Si tem proporcionado benefícios inquestionáveis às plantas.

A aplicação de silício tem promovido tolerância a metais pesados, déficit hídrico e ao acamamento, maior absorção de água e nutrientes, aumento no crescimento e na produtividade, e principalmente resistência a pragas e doenças.

Proteção para as plantas

O Si, ao ser absorvido pelas plantas, se deposita entre as células da epiderme e a cutícula foliar, formando uma camada de sílica, uma verdadeira barreira mecânica que dificulta o ataque de pragas e doenças, tornando o feijoeiro mais resistente. Essa barreira mecânica não é apenas o único mecanismo de resistência, mas também pode intensificar a síntese e acúmulo de agentes que auxiliam na defesa da planta.

Indução de resistência a pragas e doenças

Diversas estratégias para o controle de pragas e doenças podem ser adotadas na cultura do feijoeiro, dentre elas a utilização de sementes sadias, rotação de culturas, semeadura em épocas diferentes, controle químico, físico, biológico e ainda a utilização de cultivares resistentes.

No entanto, nem sempre o produtor pode e consegue adotar simultaneamente diversos métodos de controle. Assim, a indução de resistência tem se destacado como opção a ser preconizada.

A aplicação de silício pode promover uma resistência temporária a determinada praga ou doença e seus efeitos não se restringem apenas ao feijoeiro, sendo observado, até com mais intensidade, em espécies como arroz, trigo e cana-de-açúcar.

A princípio, a indução de resistência foi atribuída somente à barreira mecânica formada na epiderme foliar, uma vez que o ataque do inseto e a colonização do patógeno são dificultados pela mesma. No entanto, posteriormente verificou-se em plantas fertilizadas com silício e sob ataque de doenças um incremento na produção de lignina, compostos fenólicos, fitoalexinas, enzimas de defesa, como quitinases, e ainda a transcrição de genes associados a mecanismos de resistência.

Por meio de alguns desses processos, estudos recentes verificaram que o silício é capaz de diminuir a incidência, o progresso e a severidade de antracnose (Colletotrichumlindemuthianum), e a severidade da mancha angular (Pseudocercosporagriseola) na cultura do feijoeiro, além de proporcionar maior persistência de área foliar verde nas plantas.

Da mesma forma, para mosca-branca (Bemicia tabaci), importante vetor do vírus causador do mosaico dourado do feijoeiro (Beangoldenmosaic vírus – BGMV), existem trabalhos que mostram a não-preferência para oviposição e menor desenvolvimento de ninfas em plantas de feijão que receberam aplicação de silício.

O Si também parece potencializar o efeito da Beauveriabassiana no controle de ácaro-vermelho (Tetranychusurticae) em folhas de feijão devido ao aumento da atividade de enzimas de defesa, as quais, quando ingeridas pelos ácaros, podem deixá-los mais suscetíveis ao controle biológico.

O potencial do silício como indutor de resistência a doenças e pragas da cultura do feijão ainda é pouco estudado e explorado, contudo, há grande quantidade de relatos da sua utilização em diversas culturas agrícolas.

A aplicação de silício promove resistência a determinadas pragas ou doenças - Crédito Shutterstock
A aplicação de silício promove resistência a determinadas pragas ou doenças – Crédito Shutterstock

Aplicação de silício em feijoeiro

A aplicação de silício pode se dar de duas formas – via solo e foliar. As principais fontes disponíveis para fornecimento via solo são constituídas de silicatos de cálcio e magnésio, os quais possuem características corretivas, podendo ser utilizados em substituição parcial ou total ao calcário.

Em casos de substituição do calcário, a dose a ser aplicada dependerá do PRNT da fonte e da necessidade de correção do solo. Desse modo, além do fornecimento de silício há também o benefício da correção da acidez do solo.

Quando o intuito é de apenas suprir as plantas com Si, sem a correção do solo, podem ser aplicadas doses menores no sulco de plantio, geralmente misturados aos adubos formulados. Uma análise da fonte a ser utilizada deve ser sempre solicitada, uma vez que algumas fontes, como escórias de siderurgia, podem conter consideráveis concentrações de metais pesados.

Fontes de Si solúveis em água permitem seu fornecimento por meio de aplicação foliar. Nessa categoria, destacam-se os silicatos de sódio e potássio, e ainda o próprio ácido silícico, forma prontamente absorvida pelas plantas. Doses de 150 a 200 g ha-1 de Si das fontes silicato de sódio e silicato de potássio são recomendadas a cada novo fluxo de folhas e órgãos da planta, até próximo da maturidade fisiológica da cultura.

De maneira geral, quatro aplicações, uma nos estádios vegetativos e três nos estádios reprodutivos do feijoeiro, são suficientes para as plantas se beneficiarem do silício. Vale salientar a importância de se realizar aplicações conforme as recomendações técnicas do fabricante e do acompanhamento de um engenheiro agrônomo.

Essa matéria completa você encontra na edição de agosto 2016 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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