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Giovani Belutti Voltolini
Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e coordenador Geral do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia ““ GHPD
Gabriel Tadeu de Paiva Silva
Graduando em Agronomia pela UFLA
Tiago Teruel Rezende
Doutorando em Agronomia – Fitotecnia pela UFLA e membro do GHPD
A agricultura se destaca positivamente no cenário nacional, tendo grande importância socioeconômica e relevante participação na balança comercial do País. Sobretudo, ela é responsável pelo fornecimento de matéria-prima para industrialização, principalmente nas indústrias alimentÃcia, têxtil e quÃmica.
Neste sentido, a cultura do algodão vem se destacando, assumindo grande importância na confecção de fios de tecelagem, preparação de algodão hidrófilo, feltro, estofamentos e obtenção de celulose. Entretanto, a qualidade e produção desta cultura podem ser influenciadas por alguns fatores, como a fertilidade dos solos, incidência de pragas e doenças e também pelas condições climáticas.
Atualmente, uma técnica que vem sendo utilizada visando amenizar estes possÃveis fatores que influenciam negativamente no algodoeiro é o fornecimento de silício por meio da aplicação de fertilizantes ou corretivos contendo o elemento silício em sua composição.
Com esta técnica o crescimento da planta é estimulado, da mesma forma que o fornecimento do silício promove o alongamento na fibra do algodão e também uma maior proteção de cultivo contra pragas e doenças, devido às barreiras físicas e químicas que o mesmo proporciona às plantas.
Silício ajuda no alongamento da fibra do algodão
Por meio de pesquisas sobre o fornecimento de silício para o algodoeiro pode-se inferir que o mesmo atua no início da formação da fibra e também em seu alongamento. Isto contribui de maneira significativa para a qualidade final da fibra e, consequentemente, em um maior valor agregado.
A concentração deste elemento é máxima no momento em que se inicia a formação da parede secundária na planta, sendo possivelmente um dos responsáveis pela sua formação.
Há uma relação direta entre os teores de açúcar na fibra do algodoeiro e a quantidade de silício na planta, visto que quanto maior a quantidade deste elemento, menor é a quantidade de açúcar. Sobretudo, os teores elevados de açúcar na fibra contribuem para a maior incidência de pragas e doenças na cultura, como os pulgões e fungos (fumagina). Estes patógenos contribuem negativamente, dificultando o processamento da fibra do algodão.
Outra forma de se explicar estes ganhos na qualidade da fibra é devido às condições propiciadas pela aplicação do silício no solo, em que o manejo nutricional é melhorado, assim como a menor incidência de pragas e doenças, contribuindo para o melhor crescimento e desenvolvimento da planta.
Por fim, a partir do levantamento das variáveis agronômicas em áreas onde foram utilizadas adubações silicatadas foi constatado que os incrementos no tamanho da fibra, assim como sua produção, foram aumentados em média, até 10%.
Vantagens das fibras mais longas
A partir do uso do silício no cultivo do algodão foi possível obter uma maior produção de fibra e de melhor qualidade, no caso fibras mais alongadas. Isso tem uma grande implicação comercial, pois devido ao acréscimo proporcionado ao tamanho das mesmas, a aceitação nas indústrias passa a ser maior, visto que a matéria-prima possui maior qualidade e variabilidade no uso industrial. Sobretudo, a comercialização torna-se mais fácil, podendo-se obter acréscimos no valor final do produto.
Quando aplicar
Boa parte de nossos solos possui baixos níveis de silício disponível para as plantas, o qual se encontra na forma de ácido silÃcico na solução do solo. Diversos materiais têm sido empregados como fonte deste elemento, dentre os quais as escórias de siderurgia (silicatos de cálcio e de magnésio), wollastonita, subprodutos da produção de fósforo elementar, silicato de sódio, termofosfato e silicato de potássio.
Sabe-se que o algodoeiro tem um padrão de absorção em que cerca de 70% dos nutrientes são absorvidos após o aparecimento do primeiro botão floral e cerca de 50% de todos os nutrientes no período que vai do florescimento à maturação. Isso sugere que a formação do fruto do algodoeiro depende mais da absorção de nutrientes do solo que da sua redistribuição dentro das plantas.
Sendo assim, a adubação de cobertura é feita de 20 a 40 dias após a emergência das plantas, logo após o desbaste. Além da adubação via solo, usa-se também a aplicação de silício via foliar na forma de silicato de potássio, sendo recomendada a aplicação 20 dias após o plantio.