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Felipe Santinato
Engenheiro agrônomo, Msc., doutorando – UNESP Jaboticabal
TAVARES, T.O.
Engenheiro agrônomo, mestrando – UNESP Jaboticabal
SILVA, R.P.
Professor e doutor – UNESP Jaboticabal
COSTA, W.C.A.
Acadêmico em Agronomia, UNIARAXÁ
Roberto Santinato
Engenheiro agrônomo – MAPA/Procafé
A desuniformidade dos estádios de maturação dos frutos de café é fator que reduz a eficiência da colheita mecanizada, eleva a porcentagem de frutos verdes colhidos e reduz o retorno financeiro para o cafeicultor. A desuniformidade ocorre na lavoura como um todo, onde se têm plantas maduras próximas de plantas ainda “verdes“, e também na própria planta, em que o amadurecimento é diferenciado entre os terços da planta e entre as faces, devido às variações na exposição solar.
Na teoria, a colheita deve ser iniciada quando a planta apresentar até 15% de frutos verdes, no entanto, quando isso ocorre boa parte dos frutos situados no terço superior já se tornaram secos e caÃram no chão, por conta da maior velocidade de amadurecimento.
Mathury
O produto Mathury é um retardador do amadurecimento. Atua nos frutos cereja desacelerando a velocidade de amadurecimento para o estádio seco. Dessa forma, os frutos que ainda estão verdes podem amadurecer para cereja, enquanto que os cereja permanecem no mesmo estádio.
Objetivou-se, com este trabalho, investigar a eficiência do produto Mathury no aumento da quantidade de frutos cereja nas plantas, e se esse incremento acarreta em maior eficiência da operação mecanizada, já que frutos no estádio cereja se desprendem mais facilmente que frutos verdes e caem menos no chão que frutos secos.
O experimento foi realizado na Fazenda Gaúcha, localizada no município de Presidente Olegário (MG), região do Cerrado de Minas Gerais. Utilizou-se uma lavoura do cultivar Catuaà Vermelho IAC 144, com 8/9 anos de idade, e aproximadamente 3,8 m de altura.
Tratamentos
Foram estudados sete tratamentos dispostos em delineamento experimental de blocos casualisados com quatro repetições, totalizando 28 parcelas. Cada parcela utilizou 20 plantas, sendo avaliadas somente as doze centrais. Os tratamentos foram:
Tratamentos |
Modo de aplicação |
Dose de Mathury |
T1 |
Ausência |
Testemunha |
T2 |
Planta inteira |
10,0 L ha-1 |
T3 |
Planta inteira |
5,0 L ha-1 |
T4 |
1/2 da planta |
5,0 L ha-1 |
T5 |
1/2 da planta |
2,5 L ha-1 |
T6 |
1/3 da planta |
3,3 L ha-1 |
T7 |
1/3 da planta |
1,7 L ha-1 |
Para a pulverização na planta inteira foram utilizados 24 bicos em todo o arco do pulverizador, para a pulverização em metade das plantas foram utilizados os 12 bicos da parte superior do implemento, e para a pulverização no terço das plantas foram utilizados somente os oito bicos da parte superior do pulverizador.
As aplicações foram realizadas nos meses de março e maio, quando parte dos frutos pendentes estava no estádio de maturação cereja. Procedeu-se a colheita no mês de junho utilizando uma colhedora Jacto modelo KTR regulada para trabalhar em velocidade operacional de 1.000 m h-1 e vibração das hastes de 850 rpm.
As avaliações consistiram na porcentagem de frutos cereja presentes no terço inferior, médio, superior e planta como um todo, produtividade, quantidade de café caÃdo, remanescente e colhido após a operação da colhedora, eficiência de colheita e porcentagem de frutos no estádio cereja colhidos.
Realizou-se a análise de variância para os todas as variáveis estudadas e quando procedente, empregou-se o teste de médias de Duncan a 5% de probabilidade nas comparações entrelinhas e teste de t, nas comparações entre colunas. Utilizou-se o programa estatÃstico SISVAR®.
Resultados e conclusões
A aplicação do Mathury não elevou a quantidade de café cereja nas plantas no terço inferior. Isso ocorreu somente neste terço, devido à pequena quantidade de frutos cereja presentes nesta localidade em relação aos demais terços.
No terço médio, a aplicação do Mathury, direcionado à planta inteira, na maior dose promoveu acréscimo de 22,24% na quantidade de frutos cereja. No terço superior, o produto elevou a quantidade de frutos cereja em 27,7 e 28,2% quando aplicado na planta inteira nas doses de 10,0 e 5,0 L ha-1, respectivamente.
Tal fato evidencia a ação do produto nos frutos cereja, mantendo-os neste estádio, notadamente no terço superior, onde o amadurecimento é mais acelerado.
As diferenças entre os tratamentos só foram verificadas por meio da avaliação de cada terço de forma individualizada, visto que na avaliação da planta inteira não se verificaram alterações nos estádios de maturação entre os tratamentos aplicados.
Isso evidencia a necessidade de avaliações mais criteriosas sobre o estádio de maturação dos frutos, que amadurecem com velocidades diferentes em cada um dos terços das plantas.
Houve maior quantidade de frutos cereja no terço médio das plantas em relação ao terço superior e inferior. Isto porque o amadurecimento ocorre de forma mais acelerada no terço superior, promovendo maior queda de frutos, o que reduz sua quantidade, e também pela menor velocidade do processo no terço inferior, devido à menor exposição à luz solar.