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quarta-feira, maio 8, 2024
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Guanandi: Garantia de rentabilidade múltipla para o silvicultor

Autores

José Geraldo Mageste
jgmageste@ufu.br
Antônio Cola Zanúncio
ajvzanuncio@yahoo.com
Engenheiros florestais, Ph.D. e professores – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
Emmerson Rodrigues de Morais
Professor – Instituto Federal Goiano (IFGoiano), Morrinhos (GO)
emmerson.moraes@ifgoiano.edu.br  
Crédito Tropical Flora

Uma das primeiras “madeiras de lei” do Brasil, o guanandi possui características específicas que a tornam um ótimo empreendimento comercial, principalmente para o aproveitamento de áreas de aptidões agrícolas limitadas.

Com a mudança do código florestal, é possível o seu cultivo em áreas de APP (Áreas de Preservação Permanente), que apesar de muitas das vezes possuir limitações de deslocamentos, possui o ambiente ideal para o crescimento das árvores de guanandi, mandi, pau de mastro e peroba vermelha (como é chamado no Triângulo Mineiro).

Aos dois anos de idade, se manejado adequadamente, o guanandi já pode oferecer renda pela comercialização dos frutos para a indústria de cosméticos. Somado a isto, a espécie já tem linhas próprias de financiamento, proporcionando uma sustentabilidade econômica própria, dando segurança para quem quer aprender e ser um silvicultor de verdade.

Em destaque

Por incrível que pareça, os Estados da Bahia e Rio de Janeiro são os maiores produtores brasileiros de madeira desta espécie. O segundo, com algumas poucas áreas de plantio, principalmente do século passado, para recuperação de nascentes. Em Minas Gerais, o Triângulo Mineiro, principalmente a região de Uberaba, vem se destacando.

Existe, ainda, grande concentração de plantio de guanandi em Goiás e Norte de São Paulo, onde os povoamentos chegam a mais de 70 mil hectares, com idades variáveis.

O tamanho dos povoamentos também varia muito, de 10 a 50 hectares, em média. Somente nestes três Estados estão mais de 50% da área plantada no Brasil. Mas, existe potencial para aumento considerável na Bahia e Sul de São Paulo. Trata-se de uma madeira com muito boa aceitação.

Produção anual

O volume de produção anual varia muito, tendo em vista as finalidades de demandas. Estima-se que a demanda para regiões moveleiras esteja em torno de 40 a 50 mil metros cúbicos anuais.

O Incremento médio anual desta espécie está em torno de 55 m3/ha/ano. As previsões otimistas dão conta de 400 a 450 m3/ha. Ainda se sabe pouco sobre as técnicas silviculturais mais adequadas para esta espécie. Grande quantidade de esforço científico é dedicado a espécies como pinus, eucalipto, seringueira e mogno.

Demanda x oferta

Espera-se um grande aumento de demanda pelo mercado interno, principalmente para a indústria naval de luxo (barcos e iates de luxo). A demanda para uso nobre está sendo descoberta agora. A cada dia o guanandi está se tornando uma madeira presente em artesanatos de luxo, como lustres, etc. 

O mercado externo ainda está aprendendo a trabalhar com esta espécie, principalmente o asiático e Europa ocidental. Os portugueses são grande demandantes dela. Então, o aumento da demanda dependerá muito da saúde financeira dos países compradores do Brasil.

Atualmente, quase toda a nossa exportação é direcionada para o Leste asiático, que chega a consumir até 5 mil m3 ano-1.

Investimento inicial

O investimento variará muito em função das características pedoclimáticas locais. Solos mais férteis reduzirão muito os investimentos em fertilizantes. Locais com boa distribuição de chuvas, mesmo no verão, facilitam o “arranque” inicial de crescimento das mudas.

Muitos investidores querem procurar o pior solo da propriedade para plantar árvores. É preciso assumir que também nestes locais a produtividade é menor – não é diferente para qualquer espécie.

Considerando o transporte de mudas a pelo menos 100 km de distância do local de plantio, não se justifica a aquisição de pequenas quantidades que não possam pelo menos encher um caminhão (mínimo de 8.000 mudas).

O custo médio de implantação de 1,0 hectare nos Estados de MG, SP e Goiás está em torno de R$ 22.000,00, isto considerando o pacote mínimo ideal de técnicas silviculturais para esta espécie, com subsolagem, adubação na cova e manutenção da vegetação concorrente até 1,5 anos de idade.

Ressalta-se que as mudas são responsáveis por algo em torno de 3,5% do investimento inicial de implantação. É muito pouco, considerando as possibilidades de retorno. 

Rentabilidade

A rentabilidade se inicia após o 2º ano com a comercialização de sementes. O preço é de U$ 8,00/kg.  Mas, atualmente, muita semente comercializada vem de povoamentos nativos.

Para os povoamentos de cultivo é preciso considerar a necessidade de deixar parte das sementes para alimentação dos pássaros, mesmo porque elas amadurecem em diferentes ocasiões. 

Mas, depois existem produções anuais até a época de colheita da madeira. Elas também ajudam a “espantar” as formigas cortadeiras que por acaso possam vir a desfolhar as árvores. A produção de madeira com 15 a 17 anos de idade (mais de 30 metros de altura e DAP (Diâmetro a Altura do Peito) é maior que 60 cm.

O preço da madeira no mercado nacional está em torno de R$ 2.000,00/m3 (madeira sem costaneiras, comprimento mínimo de 2,2 metros). Depois, há de ser considerado que “se tem guanandi por perto, alguma água estará na superfície”. Este ganho ambiental de revitalização de nascentes é incalculável.   

Manejo

O preparo de solo preconizado para silvicultura, de maneira geral, com uma boa ripagem (que alguns chamam de subsolagem) é de 40 a 50 cm de profundidade. Boa adubação fosfatada no fundo do sulco e adubações de cobertura com nitrogênio e potássio são recomendadas. 

A matocompetição deve ser evitada até final do segundo ano, principalmente por gramíneas como a brachiária, que possui grande habilidade de “roubar” nutrientes das árvores.

Adubação

Conforme dito, o guanandi não tolera solos ácidos. Então, a correção do pH ajuda na melhoria de absorção de nutrientes, além do fornecimento de cálcio e magnésio. A quantidade deverá ser em função dos resultados das análises de solo, realizados pelo menos até 50 cm de profundidade.

Lembrando que o ideal é consultar sempre um engenheiro florestal. Além do mais, não existe uma “receita de bolo” que possa ser usada para diferentes sites. As demandas variam de acordo com a qualidade do mesmo.

Plantio

O plantio deve ser feito preferencialmente no período chuvoso, tomando-se o cuidado de não “enterrar” o coleto das mudas. Este está sendo um erro frequente e induzindo seriamente a replantio até seis meses de idade (apesar do baixo custo das mudas).

É necessário a adoção das técnicas silviculturais de podas e desbastes. Estas variam de acordo com o IMA e ICA (Incrementos médio e corrente anuais). A qualidade final da madeira é função direta do uso destas técnicas. O mercado de hoje exige madeira sem nós, para painéis.

A espécie guanandi já fornece madeira de boa qualidade em termos de resistência mecânica, densidade, facilidade de absorção e conservação de vernizes, grã fina, etc.

Nós temos que aplicar noções de melhoramento genético para as qualidades desejáveis. É uma madeira nobre mas que precisa ser valorizada nas suas qualidades específicas.

Fitossanidade

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